O que é uma avaliação mecânica de dor?
- Poliana Grasser
- 24 de fev.
- 2 min de leitura
Vamos começar com uma analogia simples: imagine que seu carro começa a fazer um ruído estranho e você decide levá-lo a um mecânico. Qual seria o processo para identificar o problema? O mecânico iniciaria com uma anamnese, fazendo perguntas detalhadas sobre o "sintoma" do carro – aquele ruído peculiar. Ele perguntaria: Como é o som? Quando ele ocorre? É ao ligar o motor, acelerar ou frear? Essas informações são úteis e podem apontar para o diagnóstico, mas o mecânico não para por aí – ele precisa examinar o veículo e testá-lo.
Agora, transporto essa ideia para o corpo humano, mais especificamente para uma coluna dolorida. A avaliação mecânica da dor que realizo segue um raciocínio semelhante. O processo começa com uma anamnese detalhada, mas, nesse caso, ela é voltada para os aspectos mecânicos do sintoma. Pergunto, por exemplo: O sintoma é constante ou intermitente? Quais atividades, posições ou movimentos desencadeiam a dor? Existe algo que a alivie? Essas informações são essenciais para identificar padrões e possíveis causas.
Após essa etapa inicial, passo para a avaliação física – um verdadeiro "test drive" da coluna, sempre respeitando os limites do paciente. Durante esse processo, peço ao paciente que realize movimentos repetitivos, como flexão, extensão, inclinação lateral e rotação, ou até mesmo que permaneça em determinadas posições por algum tempo. Enquanto isso, monitoro cuidadosamente os sintomas, observando como eles mudam em resposta aos movimentos e posturas.
Esse processo é fundamental para identificar padrões específicos que caracterizam o problema mecânico. Com essas informações, traço um plano de tratamento personalizado. Prescrevo exercícios direcionados – na intensidade, frequência e progressão ideais – com o objetivo de tratar a causa subjacente da dor, restaurar a função e prevenir recorrências.
A eficácia dessa abordagem é reforçada por estudos científicos que embasam o Método McKenzie. Um estudo conduzido por Donelson et al. (1997) demonstrou que a avaliação do MDT é capaz de diferenciar, de maneira confiável, dores lombares de origem discogênica e não discogênica. Os resultados mostraram que esse método é superior à ressonância magnética na identificação de discos dolorosos, destacando sua precisão em determinar a origem da dor.
Além disso, um estudo mais recente de Donelson et al. (2019) comparou os custos entre os cuidados tradicionais e os guiados por uma avaliação mecânica de qualidade (MDT). Os resultados apontaram que o MDT é não apenas mais eficaz, mas também uma opção mais econômica, reforçando sua relevância no cuidado de pacientes com dores musculoesqueléticas.
Também considero essencial olhar para fatores externos que podem influenciar os sintomas. Por isso, incluo na minha avaliação questões relacionadas ao ambiente de trabalho, rotina familiar, nível de estresse e qualidade do sono. Muitas vezes, percebo que a dor pode ser agravada por tensões emocionais, posturas inadequadas no trabalho ou demandas excessivas do dia a dia. Ao integrar essas informações, consigo oferecer um cuidado mais completo, que não apenas alivia a dor física, mas também promove equilíbrio emocional e funcional.
A avaliação mecânica, uma das bases do Método McKenzie de Diagnóstico e Terapia Mecânica (MDT), vai além de tratar o sintoma. Ela busca compreender como cada indivíduo interage com seu próprio corpo e como pequenas mudanças podem ter um impacto significativo na dor e na qualidade de vida.
Se você está lidando com dores na coluna ou em outras articulações e deseja saber mais sobre esse método eficaz, acesse:
Cuidar da sua saúde é mais do que aliviar a dor – é entender o que está por trás dela para alcançar uma vida mais ativa e sem limitações.