Mais um estudo apresentado no Congresso da WFRN: "Lesão Medular Completa e Dor Neuropática – relato de quatro casos em que o exercício possibilitou a eliminação da dor."
- Poliana Grasser

- 12 de jun.
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A dor neuropática é uma complicação comum em pacientes com lesão medular, frequentemente descrita como intensa, persistente e de difícil controle. Mesmo com o uso de medicamentos, ela tende a permanecer como um fator limitante da funcionalidade e da qualidade de vida.
Este foi o terceiro trabalho que tive o privilégio de apresentar no Congresso Latino-Americano da Federação Mundial de Neuroreabilitação (WFNR), realizado entre os dias 7 e 9 de maio de 2025, em Brasília – DF. A pesquisa abordou a aplicação do Método McKenzie de Diagnóstico e Terapia Mecânica (MDT) no manejo da dor neuropática em indivíduos com lesão medular torácica completa, propondo uma abordagem ainda pouco explorada nesse contexto clínico.
O estudo envolveu pacientes com lesão medular completa na região torácica (classificação AIS A) e dor neuropática crônica. Todos foram submetidos a uma abordagem baseada no MDT, que incluiu avaliação mecânica individualizada, execução de exercícios direcionados e estratégias de autogerenciamento. O objetivo foi identificar possíveis alterações musculoesqueléticas — como restrições de mobilidade articular e tensões neurais — que pudessem estar associadas à intensificação dos sintomas neuropáticos.
Os resultados foram clinicamente relevantes: todos os participantes apresentaram redução importante da intensidade da dor e melhora na funcionalidade durante atividades da vida diária. Também foi observada uma restauração da mobilidade da coluna torácica e lombar, sugerindo que alterações mecânicas locais podem interferir diretamente na modulação da dor neuropática.
Essa observação reforça a hipótese de que fatores mecânicos, mesmo em quadros neurológicos completos, podem contribuir para a perpetuação da dor neuropática. O uso de mobilização neural ativa e estratégias voltadas à restauração da função mecânica da coluna revelou-se eficaz como parte do plano terapêutico, com ganhos clínicos evidentes.
O estudo sugere que intervenções mecânicas bem conduzidas podem trazer alívio adicional à dor, reduzir a sobrecarga medicamentosa e favorecer maior autonomia funcional.
Embora esses resultados sejam promissores, são necessários estudos com amostras maiores e delineamento prospectivo para aprofundar o entendimento sobre os mecanismos envolvidos e consolidar essa linha de cuidado dentro da reabilitação neurológica.





