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Mederi: o verbo da cura

  • Foto do escritor: Poliana Grasser
    Poliana Grasser
  • 17 de nov.
  • 2 min de leitura

A palavra “medicina” nasceu muito antes dos hospitais, das máquinas e dos diagnósticos. Vem do verbo latino mederi, que significa cuidar, restaurar, trazer à medida justa. É um verbo, não um substantivo. E, nesse sentido, medicina não é uma profissão, é uma atitude diante da vida, um gesto de quem se aproxima do que sofre com a intenção de restaurar o equilíbrio perdido.

 

Ao longo dos séculos, a medicina se tornou ciência e isso foi um avanço imenso. A precisão dos exames, os recursos diagnósticos e o domínio do corpo físico salvaram incontáveis vidas. Mas, à medida que se especializou, parte de sua alma se afastou do centro: o encontro humano. O tempo, o olhar e a escuta, esses instrumentos silenciosos do cuidado foram sendo substituídos pela linguagem das máquinas e dos protocolos.

 

A medicina moderna, nascida do desejo de compreender o corpo, acabou, em muitos contextos, fragmentando-o. Olhou o músculo sem o movimento, o sintoma sem a história, a dor sem o sujeito que a sente. E quando o corpo é dividido em partes, a cura também se divide.


Recuperar o sentido de mederi é lembrar que curar não é consertar, é restaurar a medida justa nem o excesso da intervenção, nem a ausência do cuidado. É reconhecer que o organismo, em sua sabedoria, tende naturalmente à ordem, desde que encontre condições para isso: acolhimento, atenção plena e tempo.

 

O verbo mederi atravessa todas as práticas de saúde. Está no fisioterapeuta que observa o gesto e o significado do movimento; no médico que enxerga a pessoa além do diagnóstico; no psicólogo que acolhe a dor emocional e ajuda a ressignificar a experiência; na enfermeira que cuida com sensibilidade e presença calma; e principalmente no paciente, que é o verdadeiro agente da saúde, aquele que, ao se implicar no próprio processo, desperta em si os mecanismos de cura que sempre existiram.

 

Cuidar, no sentido mais profundo, é um ato de atenção e disponibilidade. É estar diante da dor sem tentar apressá-la, reconhecer o limite e ajudar o corpo a reencontrar seu caminho. Essa é a medicina que nasce do verbo, não da técnica: uma medicina que se faz entre seres humanos. Mederi nos convida a recordar que a verdadeira medicina não se limita a tratar doenças, mas a reordenar a vida. Ela não busca apenas eliminar sintomas, mas restabelecer harmonia. E talvez o futuro da saúde esteja justamente nisso: em reunir o que foi separado, devolvendo à ciência seu coração e à arte do cuidar o seu lugar.


Nota: Este texto aborda o sentido etimológico, filosófico e universal da palavra medicina, entendido aqui como a arte de cuidar e restaurar o equilíbrio, um princípio presente em todas as práticas de saúde.

 
 
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